A morte prematura de Juliana Kafrique, Zungueira de 28 anos de idade, assassinada por um agente da ordem pública em Luanda, no Bairro Rocha Pinto, em Março último, levantou no seio da sociedade civil várias inquietações, entre as quais, a ausência de uma política de protecção social das mulheres.
O escritor e Psicanalista Ribeiro Tenguna julga que a brutalidade a que os efectivos da Polícia Nacional recorrem para manter a ordem social reflecte uma sociedade doentia e desestruturada.
“Este caso que é lamentável e condenável, é típico de uma sociedade que está completamente desestruturada”, disse o escritor Ribeiro Tenguna.
O assassinato de mulheres zungueiras é resultante da falta de educação, que na sua visão é um factor fundamental cujas autoridades policiais descuram na concepção de soluções para fenómenos sociais como a venda ambulante.
“Dou uma nota negativa a operação resgate por não cuidar do factor fundamental: a educação e a formação de quadros”, disse o também CEO do Portal Marimba Selutu, especializado em música que por outro lado critica a arrogância das autoridades no relacionamento com os cidadãos, principalmente os que ostentam farda e têm posse legal de armas de fogo, como os polícias.
“Nota-se no quadro da fiscalização do Governo Provincial de Luanda que até os que não têm em sua posse uma arma de fogo são arrogantes com os cidadãos desarmados”, denunciou o autor do livro “Pobreza: O epicentro da exploração de menores em Angola”, para quem “é preciso fazer um estudo profundo a de se averiguar as razões fundamentais para que situações do género aconteçam”.
Dados do Censo Geral da População e Habitação em 2014 apontam que o número de habitantes está perto dos 30 milhões dos quais 52% são mulheres.
De acordo com as autoridades angolanas, a implementação da Política Nacional para a Igualdade e Equidade de Género proporcionou a ascensão de um número considerável de mulheres aos cargos de tomada de decisão.
A mulher em Angola está representada em 30,5% no Parlamento e 19,5% na Assembleia Nacional. Os sectores da Educação, Saúde e Trabalho Doméstica abarcam o maior número de mulheres.
O Executivo angolano aprovou os Decretos Presidenciais n.º 222/13, de 10 de Dezembro, Decreto Presidencial n.º 36/15, de 30 de Janeiro, Decreto Presidencial n.º 155/16, de 9 de Agosto, bem como o Decreto Presidencial n.º 143/17, de 26 de Junho.
O pbjectivo, segundo fez saber Ruth Mixinge, Secretária de Estado para Família e Promoção da Mulher, é reforçar a articulação no âmbito da resposta social a favor da mulher e a protecção dos direitos humanos das mulheres, bem como assegurar a Igualdade e a Equidade do Género em Angola.
A sociedade deve estar de mãos dadas para acudir as mulheres vulneráveis, entre as quais as zungueiras, que se sacrificam todos os dias para que em casa não falte o mínimo aos filhos e, muitas vezes até mesmo aos maridos, que grande parte é desempregado.
O Escritor e Psicanalista, Ribeiro Tenguna, reprova todo tipo de violência contra mulher, pelo que, defende a criação de projectos que beneficiam as mulheres vulneráveis a minimizarem as suas dificuldades de vida.
“Devemos estar de mãos dadas para criar projectos que beneficiam as mulheres vulneráveis”, aflorou.