Um debate sobre os caminhos para a construção da paz em Angola, realizado na província de Benguela sob a égide da organização OMUNGA, no fim-de-semana, desembocou em acusações que associam o MPLA e a UNITA actos de vandalismo e ameaças de morte.
Num clima de ânimos exaltados, o orador do tema, reverendo Tony Nzinga, deu primazia a apelos à calma, mas teve tempo para exigir transparência e boa governação em nome da consolidação do processo de pacificação.
Mais do que uma descrição de factos, os cidadãos Simão Temba e José Guilherme, que se apresentaram como defensores da cidadania antes da militância partidária, criticaram a impunidade face ao que chamaram de massacre de famílias no interior da província.
“Num tempo de paz, o povo está a ser massacrado e violentado, até parece que há guerra. Não vemos nenhuma religião ao lado do povo massacrado e, pelo contrário, fica a defender quem governa mal. Há impunidade porque nada acontece aos provocadores’’, dizem os cidadãos, referindo-se a práticas supostamente protagonizadas por militantes do MPLA no interior de Benguela.
Em sentido contrário, dois ex-militares, Agostinho Martinho e Manuel Guito, afirmam que estão a ser perseguidos por militantes da UNITA.
“Estou fora da minha casa porque a UNITA me persegue, a minha casa está cercada, eles estão em cima das montanhas, assim não vejo a paz’’, sublinha, ao passo que um outro antigo militar diz que chegou a ser agredido.
Como que a colocar água na fervura, o Reverendo Tony Nzinga, que pertenceu ao Comité Inter-eclesial para a Paz, apelou ao respeito pelas diferenças
“Finalmente, é bom saber que todos estão preocupados com o que está a acontecer, estão todos agitados, é a conclusão a que cheguei. A preocupação é comum, temos, sim, de viver numa Angola diferente, num país de respeito e bom para todos’’, sublinha o líder religioso.
O debate sobre paz foi realizado dias antes de João Lourenço ter afirmado, nesta segunda-feira, 16, na Assembleia Nacional, que herda de José Eduardo dos Santos um país reunificado.