As duas principais igrejas cristãs de Cabo Verde consideram ter havido uma certa perda de valores no seio da família e apontam o uso abusivo e desordenado das novas tecnologias de comunicação e o consumo excessivo do álcool como factores que podem contribuir para tal situação.
Para o superintendente da Igreja do Nazareno, a família deve constituir a base da orientação e transmissão de conhecimentos, que depois devem ser cultivados nas escolas e outras estruturas.
David Araújo advoga a necessidade de se fazer um “trabalho de fundo que visa resgatar valores”, porquanto considera que “as coisas não andam bem no seio da família cabo-verdiana”.
“As crianças também não são esquecidas, por isso está na forja a criação de uma rede nacional de jardins-de-infância, para seguidamente pensar-se na criação de escolas secundarias e do ensino superior”, revelou o líder daquele igreja evangélica com mais de 100 anos no arquipélago.
Aqueles instrumentos são importantes para ajudar na educação e preparação de homens e mulheres para a vida.
Quanto às novas tecnologias, David Araújo reconhece a sua utilidade quando usadas corretamente e de forma razoável, porquanto “o uso desordenado como tem acontecido, está a contribuir para afastar a família, que já não consegue se reunir para troca de ideias e outras confraternizações”.
Araújo aponta também o dedo ao uso abusivo do álcool e outras drogas e defende ”uma maior articulação entre os diferentes estruturas públicas e privadas, no sentido de reduzir o consumo excessivo de bebidas alcoólicas”.
Para a coordenadora do Secretariado da Família da Diocese de Santiago, o mau uso das novas tecnologias tem influenciado negativamente no seio familiar, sobretudo na educação dos jovens.
Filomena Barreto entende que os pais e encarregados de educação “devem ter mais presença e firmeza na orientação dos filhos”.
Apesar de alguns contratempos devido a varias influências na sociedade, Barreto considera que a “Igreja Católica tem transmitido mensagens e realizado programas no sentido de orientar às famílias no dia-dia da vida”.
Aquela responsável ressalva também a necessidade de as autoridades terem mais controlo na realização de festivais e outros tipos de festas, porquanto, da forma como têm sido organizadas, constituem grande fonte para o consumo exagerado de bebidas alcoólicas sobretudo no seio dos jovens.
“ A festa deve ser realizada, mas acho que se deve controlar o horário de início e término e o número de dias dos festivais para se evitar o uso excessivo do álcool, caso contrário as campanhas promovidas pelas entidades oficias ficam sem efeito”, realça Filomena Barreto.
As autoridades cabo-verdianas têm reafirmado o compromisso de criar condições para a melhor inserção dos jovens, implementando politicas para o reforço e acesso à educação, formação profissional e superior, sem esquecer actividades de recreação e laser, culturais e desportivas.