A dívida pública angolana ultrapassou já a o tecto legalmente permitido, facto que deve ser esclarecido pelo Governo de Luanda antes da chegada, nos próximos dias, de uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para iniciar as negociações sobre um acordo entre as duas partes.
O economista Carlos Rosado de Carvalho defendeu, no segundo Fórum Económico de Benguela, um esclarecimento das autoridades, perante uma realidade que coloca mal o Governo no plano externo.
Em Fevereiro deste ano, o Governo previa que o peso da dívida continuasse abaixo do limite legal dos 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), correspondendo a 49,2 mil milhões de dólares, mas a verdade é que o cenário é oposto ao projectado.
A subida da dívida, principal consequência da necessidade de financiamento do défice provocado pela queda do petróleo, volta à baila numa altura em que o país discute com o FMI os termos da assistência que solicitou.
Preocupado com a imagem das autoridades, Carlos Rosado de Carvalho, que defendia a chegada do FMI muito antes da confirmação oficial, adverte que o Governo não deve fingir que nada de anormal se passa.
O especialista reafirma que a conquista de credibilidade exige rigor e transparência.
“Será que as garantias do Estado às empresas privadas entram nestas contas?’’, questiona o economista, certo de que a vinda do FMI pode vir a dar resposta.
Rosado salienta, no entanto, que é preciso transparência, mesmo que se saiba que o Governo pode até alterar a lei.
“Não devemos fingir que nada se passa, é muito mau porque tira credibilidade’, defende o economista.
Prevê-se, de resto, que este cenário de atropelo à legislação se arraste até 2021.
Foi com estas palavras, proferidas para mostrar o quadro macro económico, que o director do jornal Expansão deu as boas vindas ao Fórum Económico, uma iniciativa da PROA, na qual falou-se da agro-indústria como vector para a tão almejada diversificação da economia.
Jorge Pinto, membro da Associação Industrial Angolana, realça a importância deste sector, mas sustenta que os projectos não devem ser iguais ao das 40 fazendas da província do Kuando Kubango
“Falo deste projecto de 200 mil hectares de terra, no Leste. Foram investidos muitos milhões em gado vindo do Brasil, quando sabemos o que aconteceu há dez anos (mortes) por falta de adaptação à nossa realidade’’, alerta o industrial, que defende uma bovinicultura estudada e com acompanhamento técnico, tendo em conta o abate e a produção de leite.