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Angola Fala Só - Manuel Vitória Pereira: "Antes da crise financeira já havia crise moral"


Manuel Vitória Pereira, vice-presidente do Sindicato dos Professores de Angola
Manuel Vitória Pereira, vice-presidente do Sindicato dos Professores de Angola

Presidente do Sindicato dos Professores debate com ouvintes situação do ensino.

29 Jan 2016 - Manuel Vitória Pereira: "Antes da crise financeira já havia crise moral."
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No ensino o que deve valer é a competência e a seriedade, disse o vice-presidente do Sindicato dos Professores de Angola (Sinprof), Manuel Vitória Pereira.

O sindicalista e também professor comentava acusações de um ouvinte de que a identidade partidária dos professores continua a ser usada para discriminar aqueles que são simpatizantes ou membros de partidos da oposição.

“O sindicato opõem-se à partidarização do ensino”, disse Manuel Vitória Pereira que falava no programa “Angola Fala Só”, acrescentando que dentro da sua organização os seus membros têm várias opiniões políticas, mas “as nossas ideias partidárias ficam à porta”.

Como seria de esperar, o programa foi inteiramente dedicado ao ensino com ouvintes a dialogarem com o convidado sobre várias questões, desde a reforma educativa aos salários dos professores.

O sindicalista disse que a actual crise financeira afectou grandemente os professores, tal como todos os angolanos.

“A queda de poder de compra é vertiginosa”, referiu o professor, que fez notar que, além da subida dos preços devido à desvalorização da moeda, há ainda o congelamento dos salários.

No que diz respeito à reforma educativa, afirmou que em muitos casos essa reforma colocou "a carroça à frente dos bois” e lamentou que o Ministério não tenha dialogado com o sindicato porque muitos aspectos “chocaram com a realidade” angolana.

Pereira disse que “na prática” há grandes pressões para “passagens automáticas” levando a que alunos mal preparados mudem de classe devido a uma preocupação com “a percentagem de passagens”.

Interrogado sobre o modo como as autoridades lidam com o sindicato, o vice-presidente do Sinprof respondeu “o Ministério da Educação é diplomata a falar connosco”.

Contudo, o mesmo não se pode dizer quanto às autoridades provinciais que usam da “mão pesada” contra os sindicalistas.

A este respeito, recordou que 64 professores foram presos em vários incidentes e que apenas um foi condenado a uma pena ligeira e por desobediência.

O sindicalista concordou com um ouvinte que disse que a corrupção existente não se deve apenas à crise financeira.

“Antes da crise financeira já havia uma crise moral”, sentenciou Manuel Vitória Pereira, que denunciou redes de corrupção nas escolas..

Quanto a professores que vão para o interior com promessas de boas condições, Manuel Vitória Pereira defendeu a introdução de um “subsídio de isolamento” que incetive os docentes a permanecerem nessas zonas.

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