Guiné-Bissau, os professores e os profissionais de saúde iniciaram hoje uma greve de cinco dias. Em causa está a polémica suspensão de novos ingressos nos dois setores por parte do Governo.
A VOA falou com alguns professores guineenses para saber como vivem com o salário que auferem do Estado, nem sempre disponível.
A vida de Ansumane Indjai, professor do português, na cidade Bafatá, leste da Guiné-Bissau, não tem sido fácil.
O docente com 22 anos de carreiram diz que “é muito complicado. Acontece que há enormes dificuldades. Salário é pouco, de maneiras que não permite fazer tudo. Há famílias composta por 10, 15 ou 20 pessoas. E quando é assim, o salário não chega praticamente para nada”.
E para se manter no sector educativo, planificando, fechar as matérias e lecionar, Ansumane Indjai fala de uma jornada difícil: “Depois de ser colocado pelo Ministério da Educação Nacional praticamente não há programa, nem material para o trabalho. É um esforço. São os professores que fazem pesquisas para conseguir obter matéria para os alunos. Com as investigações que faço, consigo fazer uma planificação das minhas aulas e trabalhar como deve ser”.
Neste cenário, diz Indjai, “mesmo que os professores tenham a vontade de trabalhar, se não há materiais e com tantas greves, associada às dificuldades das escolas e dos próprios professores, os alunos terão a dificuldade de assimilar a matéria. Por isso é que vê-se um aluno com um nível de escolaridade muito avançado, mas sem ter domínio da língua portuguesa”.
Uma avaliação igual é feita por Amadu Uri Djau, professor de ciências sociais na Escola “José Ramos Horta”, em Bissau.
“A minha vida como professor tem sido difícil e ‘desarascante’, pois é essa situação que faz com que muitos de nós trabalhem em escolas públicas e privadas, como forma de compensar a lacuna deixada pelo Estado”.
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