Analistas dizem que ainda é cedo para se cantar vitória sobre a detenção, na África do Sul, do suposto mandante dos raptos em Moçambique, porque esta informação carece de fundamentação, dado que este tipo de crimes é muito sofisticado, e pode ser que, perante a pressão pública, a polícia queira mostrar serviço.
Esmael Malude Ramos Nangy, é considerado pelas autoridades moçambicanas o líder do grupo de raptores, e foi detido, no sábado, passado na África do Sul.
Para o analista Tomás Vieira Mário, esta é apenas uma hipótese, que carece de ser colocada perante a justiça para se comprovar que é "e podemos estar a cantar vitória sobre falsos autores, porque "não temos elementos para celebrar e dizer que estamos já a encontrar os cabecilhas, até que em juizo se prove que essas pessoas são ou não aquelas que a polícia diz".
Vieira Mário anotou que agora há uma pressão pública, "e a polícia pode querer mostrar serviço; então, temos que ter cautela até que essas acusações sejam formalizadas e cheguem ao tribunal, e este dizer que sim".
Para o analista Fernando Lima, esta detenção é uma evidência de que Moçambique, sobretudo depois da morte de um dos últimos raptados que causou uma grande comoção na sociedade moçambicana, o Governo e a polícia estão sob uma grande pressão para dar resposta à questão dos raptos.
"É uma pressão também para dar resposta no sentido muito concreto, porque, habitualmente, a polícia apresenta aquilo que vulgarmente se designa como pilha galinhas ou como auxiliares da indústria de raptos, mas nunca barões das quadrilhas organizadas envolvidas nos raptos", realçou aquele analista.
Relativamente à detenção de Nangy, que foi patrocinada pelas autoridades sul africanas e pela Interpol, Lima afirmou que são necessários mais elementos para se saber se, de facto, esta pessoa é o mandante dos raptos ou é apenas uma pessoa detida para investigações, "porque não há detalhes muito concretos em relação ao seu envolvimento directo em raptos em Moçambique".
Para aquele analista, a cooperação internacional é fundamental no combate aos raptos, "porque, claramente, se Moçambique tiver apoio internacional, pode ter muito maior sucesso nessa sua ofensiva contra a indústria dos raptos".
Por seu turno, o analista Alexandre Chiure, considera que, no início do ano, esta é uma boa notícia, e a detenção de Nangy na África do sul é prova de que os que mandam raptar pessoas estão fora do território moçambicano, realçando haver informações indicando que até agora foram pagos em resgate, 450 milhões de dólares, o que significa que esta é uma indústria bastante lucrativa".
Mas para Pedro Baltazar, do pelouro de Segurança Privada na Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), esta não pode ser boa notícia, porque o fenómeno dos raptos tem vindo a impactar, negativamente, o tecido empresarial, tem vindo a retrair os investimentos e tem vindo a provocar uma saída em massa de empresários que decidiram desinvestir em Moçambique".
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