"É a economia, estúpido”. O slogan político que se tornou popular na campanha presidencial norte-americana de 1992, proferido pelo político norte-americano Jim Carville, sublinhando a importância das questões económicas para os eleitores, parece ter saltado três décadas até 2024.
Hoje uma grande parte da América e do mundo acordou em choque com a eleição de Donald Trump. Muitos questionam-se porquê. A economia parece responder à questão, apresentando-se como um dos factores mais fortes na tomada de decisão relativamente ao voto nos Estados Unidos. Uma sondagem feita à boca-da-urna pela CNN revela que 67% dos eleitores fez da economia o motor da decisão.
Um elevado número de eleitores culpabiliza o ainda Presidente Joe Biden e a sua Vice-Presidente, Kamala Harris, por não terem conseguido melhorar suficientemente a situação financeira dos americanos nos últimos quatro anos. No topo das razões, a inflação (apesar dos dados económicos mostrarem melhorias significativas).
Mais de 70% dos eleitores afirma que no passado ano a inflação causou severas ou moderadas dificuldades. Uma larga fatia diz confiar mais em Trump do que em Harris para liderar a pasta da economia.
45% diz mesmo que a sua situação financeira está pior do que há quatro anos (altura em que Trump era presidente). Entre os entrevistados, a maioria possui um rendimento abaixo dos 60.000 dólares anuais, quase 30% recebe menos de 50.000. Segundo uma análise da CNN, em várias pequenas cidades da Pensilvânia onde os salários não se ajustaram ao custo de vida, a cor passou de azul (democrata) em 2020 para vermelha (republicana) nestas eleições.
“Trump conseguiu atribuir a culpa da inflação à política do Presidente Biden”, constata a colunista do jornal New York Times, Zeynep Tufekci.
Na última semana a polémica em redor de Porto Rico criou uma esperança junto do bloco democrata de conseguir conquistar o estado da Pensilvânia. Contudo, 54% dos homens latinos votou em Trump a nível nacional. A maioria das mulheres latinas votou em Harris. Trump conseguiu aumentar, em geral, os votos junto da população latina e dos afro-americanos, tendo junto destes dobrado o número de votos (20%).
Grande esperança foi também colocada no poder do voto feminino. Porém, a candidata democrata conseguiu apenas 54% dos votos das mulheres, pior que Joe Biden ou Hillary Clinton.
De acordo com a sondagem da CNN, analisando os eleitores brancos, mais de metade dos eleitores de Trump são mulheres e homens sem formação académica (acima dos 60%). O cenário inverte-se quando se olha para os votantes na Vice-presidente.
Os dados apontam ainda que 65% dos eleitores negros votaram em Harris. Olhando para a localização dos eleitores brancos, uma grande parte das pessoas que votaram em Trump são mulheres brancas suburbanas, 51%, e homens suburbanos, 61%.
O aborto, o grande tema sob o qual Harris assentou a sua campanha, parece não ter tido o mesmo impacto nestas eleições de 2024 como se veriicou nas eleições intermédias há dois anos. Ainda assim, 66% dos eleitores acredita que o aborto deve ser legal, contra 30% que considera que o aborto deve ser ilegal.
Olhando para a idade dos eleitores, a grande fatia dos eleitores da candidata democrata centrou-se, segundo os dados, entre os 18-29 anos. No caso do candidato republicano, a maior percentagem encontra-se entre as pessoas dos 45 aos 64 anos.
Trump tornou-se no candidato da mudança.
Com a maioria do voto eleitoral, do voto popular e o Senado, com a Casa dos Representantes por apurar, Donald Trump regressa à Casa Branca em Janeiro.
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