O Fórum de Cooperação China-África arrancou nesta quarta-feira, 4, em Pequim, com a presença de representantes de cerca de 50 países do continente.
Pouco mais de 20 Estados fazem-se representar pelos sues Presidentes e primeiros-ministros.
Moçambique e Guiné-Bissau estão presentes através dos seus Presidentes Filipe Nyusi e Umaro Sissoco Embaló, respetivamente, enquanto Cabo Verde e São Tomé e Príncipe estão presentes com os chefes de Governo, Ulisses Correia e Silva e Patrice Trovoada.
O Presidente angolano, João Lourenço, não está presente em Pequim, mas, como a Voz da América disse ontem, a ministra das Finanças, Vera Daves, defendeu à Reuters que o Governo da China precisa intensificar o seu financiamento para que Luanda absorva mais produtos fabricados naquele país como painéis solares e carros elétricos.
A Voz da América falou com analistas políticos sobre o que os paises africanos esperam da China neste momento.
No ano passado, o Governo chinês aprovou um empréstimo de mais de 4 mil milhões de dólares para os países africanos.
Angola, um dos paises que mais se beneficiam destes empréstimos, diz, através da sua ministra das Finanças, que quer o incremento do financiamento da China, para absorver mais produtos do gigante asiático.
O economia Américo Vaz considera que “nesta relação em que o Presidente chinês chama de win win, (ganha ganha), os chineses são os que saem a ganhar, nós em Angola nem conseguimos sequer fabricar enxadas, catanas, instrumentos para a pequena agricultura”.
Vaz acrescenta que, ao contrário de Angola, governos como “a Etiópia têm estado a gerir bem esta relação com a China, a Etiópia é um exemplo acabado, hoje é uma economia vibrante, a África do Sul é outro que tem estado a aproveitar a transferência tecnológica e outros paises africanos quando se relacionam com a China colocam sempre os interesses do país em primeiro lugar".
Entretanto, o economista e professor universitário Bernardo Vaz entende que Angola e outros países de África têm desperdiçado boas oportunidades.
"Eu me refiro à possibilidade de aprendermos mesmo com os chineses como fazer as coisas, estamos a falar da capacitação do homem, grande parte dos paises africanos, tirando a África do Sul e os paises do Magreb, a maioria dos países da África Subsariana estão muito mal em produtividade”, aponta Vaz, lembrando que há paises a retirar 7 e 8 toneladas por hectare na agricultura, “nós aqui em África ainda continuamos a tirar apenas uma tonelada por hectar na produção agrícola”.
Para ele, a parceria com a China poderia “ser aproveitada para aprendermos como fazer agricultura, construção civil, engenharia, mecânica etc."
Noutra vertente, o professor de relações internacionais Osvaldo Caholo diz que o problema não reside nos chineses, mas nos dirigentes africanos que mantêm uma postura de subserviência perante outros governos.
"Os dirigentes que estão à frente de países africanos portam-se como meros serviçais, o know how até hoje não entra no continente, de tal forma que um simples fósforo, para acender o fogão, tem de vir da China e depois vêm dizer que estão a fazer economia, mas é apenas comércio, comprar”.
A cimeira prolonga-se até sexta-feira, 6, e decorre numa altura em que a China enfrenta lmitações ocidentais às suas exportações, como veículos elétricos e painéis solares.
A segunda economia mundial é o maior parceiro comercial de África e tem procurado explorar os vastos recursos naturais do continente, incluindo o cobre, o ouro, o lítio e os minerais de terras raras.
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