O professor e escritor angolano Domingos da Cruz, um dos 17 activistas acusados de rebelião e actos preparatórios de golpe de Estado decidiu romper o silêncio, apesar de estar em prisão domiciliária,
Ele critica manutenção daquela medida de caução pelo juiz Januário Domingos José.
Em declarações à VOA, Cruz diz ter sentimentos de pena, comiseração e compaixão para com o Presidente José Eduardo dos Santos e seus auxiliares que lhe privaram da liberdade desde Junho passado.
Para ele José Eduardo dos Santos poderá ser lembrado como um ditador porque, mesmo com o poder e dinheiro, não conseguiu servir a humanidade.
“Um individuo fica no poder 36 anos e ao fim de mais de 70 e tal anos não foi capaz de fazer a diferênça”, diz Cruz, encontra-se numa situação desesperadora.
O também professor universitário afirma que quebrou o silêncio pelo facto de o processo ter atingido o cúmulo da bestialidade e que apesar de não haver qualquer impedimento legal para se pronunciar, em Angola a lei resume-se a um único homem.
Domingos da Cruz admite não saber o que o aguarda, mas afirma que do Governo angolano só espera o mal.
“A única coisa que espero é o mal e o mal as pessoas sabem, não posso deixar de afirmar que quando alguém é capaz de tirar uma vida é porque pode ir além”, reforçou.
O activista acredita que o país está numa situação de desmoronamento total das suas instituições e “é sinal mais do que suficiente para propor uma reforma do sistema”.
Domingos da Cruz é autor da obra “Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura: Filosofia Política da Libertação para Angola”, que esteve na origem da prisão dele e mais 16 activistas, que estão a ser julgados por rebelião e actos preparatórios de golpe de Estado.