Uma feminista espanhola, Eva Moreno, foi deportada de Moçambique por ter alegadamente participado numa manifestação ilegal promovida por algumas organizações da sociedade civil em protesto contra a obrigatoriedade de indumentária das alunas das escolas primárias e secundárias.
Advogados e membros do Fórum Mulher procuraram, em vão, impedir que esta decisão do Ministro do Interior fosse executada pelas autoridades migratória.
A 18 de Março,feministas moçambicanas procuraram organizar uma acção de protesto contra a decisão do Ministério de Educação que determinou que as raparigas deveriam passar a usar "maxi saias", ou seja saias compridas até aos calcanhares, porém a mesma foi abortada.
No entanto, duas cidadãs estrangeiras, uma brasileira e outra espanhola, foram detidas e posteriormente libertadas pela polícia.
A brasileira, que estava em serviço no país deixou Moçambique no fim da sua missão, mas a cidadã espanhola Eva Moreno, que vivia em Maputo, foi chamada à Direcção de Migração, onde na tarde desta terça-feira, 29, recebeu a informação de que seria deportada.
No entanto, após longas horas no aeroporto internacional de Maputo, a sua deportação foi inviabilizada devido à intervenção de uma procuradora.
Eva Moreno esteve na procuradoria, aonde foi apresentada a documentação que sustenta a sua deportação.
No aeroporto, representantes do Movimento de Mulheres e organizações da sociedade civil procuraram inverter esta decisão, tendo a advogada da cidadã espanhola submetido junto às autoridades uma providência cautelar para suspender a decisão do Ministro do Interior, o que não procedeu.
Iveth Mafundza, activista dos direitos das mulheres e advogada, diz não perceber os contornos deste processo.
Quem também não percebe os contornos deste processo é Graça Samo, do Fórum Mulher, que considera a decisão uma forma de reprimir a quem defende os direitos das mulheres.
Em lágrimas, mas orgulhosa por lutar pelos direitos da mulher, Eva Moreno disse que não cometeu nenhum crime que mereça a sua expulsão e afirmou que apenas pretendia tomar parte numa peça teatral em defesa dos direitos da mulher.
Entrada interditada por 10 anos
No despacho do ministro do Interior a que a VOA teve acesso, Jaime Basílio Monteiro afirma que a espanhola "envolveu-se activa, aberta e publicamente numa manifestaçao ilegal, promovida por algumas organizações da sociedade civil, alegadamente em protesto contra obrigatoriedade de uso, nas escolas primárias e secundárias, de saias cujo comprimento deve ultrapassar os joelhos".
Para Monteiro, Eva Moreno "violou de forma clara e manifesta a lei", o que o levou a decidir a sua expulsão bem como a "interditar a sua entrada no país durante dez anos".