O templo da Igreja Católica em Calheita de São Miguel, no interior da ilha de Santiago, em Cabo Verde, foi profanado ontem, domingo, 28, num acto classificado pelo cardeal D. Arlindo Furtado de "hediondo e sacrílego".
Ao deslocaram-se à paróquia para a missa das oito horas da manhã, os fiéis viram que "o sacrário não estava no seu lugar e ninguém sabia onde se encontrava", lê-se numa nota publicada hoje, 29, no portal da Diocese de Santiago.
A mesma fonte revela que que, a meio da manhã, algumas crianças que iam apascentar suas cabras encontraram o sacrário danificado e as hóstias tinham sido profanadas.
O cardeal D. Arlindo Furtado, a autoridade máxima da Diocese de Santiago - Cabo Verde tem duas dioceses -, presidiu às 17 horas e 30 minutos uma "procissão de desagravo" no qual disse que que a Igreja foi apunhalada pelas costas.
"Mas o Cristo ressuscitado já não sente no seu corpo esta diminuição nem essa dor, mas aquele ou aqueles que cometeram este acto, sim, irão se diminuir ao mais pobre estado da humanidade, e servirá de sinal para sua conversão", assinou o caldeal que liderou a procisão do lugar onde o sacrário foi encontrado até a Igreja Paroquial.
Furtado apelou as autoridades a investigarem a violação do templo católico, "diferentemente dos anos 1990, esperamos que a justiça seja feita", lembrando a onda de profanações que assolou o arquipélago há cerca de duas décadas.
"As impunidades dos anos 1990 constituem uma vergonha para as nossas autoridades, que não descobriram nenhum autor de tantos crimes", continuou o cardeal, para quem "o silêncio dos anos 90 não pode repetir-se, dado que hoje temos mais e melhores recursos para investigação".
A nota da Diocese de Santiago acredita que o acto de vandalismo terá acontecido de sábado para domingo.
A Igreja foi encerrada ao culto e assim permanecerá até sexta-feira, dia 4.