Uma abordagem acelerada da sida nos próximos cinco anos vai permitir que o mundo acabe com a epidemia em 2030, anunciou o Programa Conjunto da ONU sobre o HIV/Sida (Onusida). Angola, Brasil e Moçambique estão entre os 30 países responsáveis por 89% das infecções em todo o mundo
De acordo com um relatório, lançado esta semana, a decisão pode evitar cerca de 28 milhões de novas infecções e 21 milhões de mortes relacionadas com a doença nos próximos 16 anos.
A nova série de metas a ser alcançadas até 2020 inclui a meta 90-90-90. A ideia é que 90% das pessoas a viver com o HIV saibam do seu estado serológico, 90% das que saibam que são seropositivas sejam tratados e que 90% dos pacientes tratados tenham a carga viral suprimida.
Em 2013, cerca de 35 milhões de pessoas viviam com HIV e outros 2,1 milhões foram infectadas pelo vírus.
Angola, Brasil e Moçambique estão entre os 30 países responsáveis por 89% das infecções em todo o mundo. Segundo a amostragem, menos de 30% de adultos angolanos tiveram acesso à terapia anti-retroviral. O desempenho está na mesma faixa quanto à prevenção da transmissão vertical do HIV, ao uso do preservativo para parceiros múltiplos e homens que fazem sexo com homens.
O Brasil tem o número de adultos com tratamento anti-retroviral entre 30% e 50%. Em relação ao uso de preservativo entre homossexuais a faixa está entre 50% e 80%.
Moçambique, por seu lado, definiu a meta de 12% para o uso de preservativos entre homens, nos próximos três anos. O objectivo nacional é considerado substancialmente abaixo da meta global. Menos de 30% das crianças têm acesso à terapia anti-retroviral.
O Onusida realça que a abordagem acelerada implica esforços especiais dos 30 países com o maior número de infecções pelo HIV em todo o mundo.
Entre os requisitos está a mobilização de recursos humanos, parceiros internacionais institucionais e estratégicos bem como compromissos significativos nacionais e internacionais.
Nos demais lusófonos, o relatório revela que a Guiné-Bissau tem menos de 30% de pacientes a receber terapia anti-retroviral, que incluem adultos e crianças. O mesmo ocorre quanto à co-infeção tuberculose/HIV.
As percentagens de Cabo Verde revelam um nível similar quanto ao acesso de crianças à terapia anti-retroviral, co-infeção tuberculose/HIV e uso de preservativo pelas profissionais de sexo.
O director executivo da Onusida Michel Sidibé, citado pela Rádio ONU, disse que investir apenas 3 dólares por dia para cada pessoa que vive com HIV nos próximos cinco anos, vai quebrar a epidemia.
Para Sidibé, cada dólar investido irá produzir um retorno de 15 dólares
Até Junho deste ano, cerca de 13,6 milhões de pessoas tinham acesso à terapia anti-retroviral, o que é considerado um enorme passo no sentido de garantir que 15 milhões de pessoas tenham acesso em 2015.
Entretanto, o desempenho é considerado ainda muito longe das metas 90-90-90, para a qual são pedidos esforços especiais para fechar a lacuna de tratamento para as crianças.
Outros alvos incluem a redução do número anual de novas infecções pelo HIV em mais de 75%, para 500 000 em 2020, e alcançar a discriminação zero.
Estima-se que até junho, 1, 5 milhão de pessoas morreram de doenças relacionadas ao sida em 2013.