Alguns sectores da sociedade moçambicana têm vindo a pressionar o governo a aceitar a pré-condição colocada pela Renamo, relativa à presença de mediadores, para o reinício do diálogo político.
A pressão sobre o governo é exercida principalmente por figuras do mundo académico, que alegam que se o diálogo ainda não foi reatado, é porque o governo não aceita a pré-condição colocada pela Renamo.
A investigadora do Centro moçambicano de Estudos Africanos, Iraé Lundi, disse que, dada a falta de confiança entre o Governo e a Renamo, é necessária a presença de mediadores internacionais que possam ajudar as partes a chegarem a um entendimento.
"O Governo deve aceitar a presença dos mediadores" exigida pela Renamo, sublinhou a investigadora.
Refira-se que a Renamo exige a participação da Igreja Católica, União Europeia e Presidente sul-africano, Jacob Zuma, no diálogo político com o Governo.
Por seu turno, o director do Instituto de Estudos Sociais e Económicos - IESE, Luís Brito, defende que só a presença de mediadores internacionais é que pode fazer com que se saia do actual impasse no diálogo político.
"Estamos, no fundo, a viver uma espécie de guerra escondida, que ainda não é uma guerra generalizada, mas que está a ter efeitos muito negativos na vida de pessoas e na economia do país," disse o académico.
Entretanto, o professor da cadeira de negociação de conflitos no Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique, Calton Cadeado, reconhece que a confiança entre o Governo e a Renamo está minada, mas diz que as responsabilidades não devem ser assacadas apenas ao executivo.
Para o analista político Gustavo Mavie, esta questão dos mediadores deve ser encarada com seriedade, porque alguns deles enfermam de problemas.
O diálogo entre o Governo e a Renamo está interrompido há mais de quatro meses.