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RDC: M23 e o Ruanda “bombardearam indiscriminadamente” os campos de deslocados internos, afirma a HRW


Congo realiza funeral coletivo das vítimas dos combates entre os rebeldes M23 e o exército congolês, em Goma
Congo realiza funeral coletivo das vítimas dos combates entre os rebeldes M23 e o exército congolês, em Goma

“Ambos os lados mataram residentes dos campos, cometeram violações, obstruíram a entrega de ajuda humanitária e cometeram outros abusos”, resumiu a HRW.

Desde o início do ano, a rebelião M23 e o exército ruandês têm “bombardeado indiscriminadamente” campos de deslocados perto de Goma, no leste da República Democrática do Congo, onde a população também está a ser vítima de violência por parte do exército congolês, disse na quinta-feira, 26, a ONG Human Rights Watch (HRW).

Desde novembro de 2021, o M23 (“Movimento 23 de março”), um grupo armado predominantemente tutsi, apoderou-se de vastas faixas de território nesta região rica em minerais, que tem sido palco de violência há 30 anos.

O ressurgimento desta rebelião, apoiada pelo Ruanda, provocou uma crise humanitária sem precedentes, com quase 7 milhões de pessoas deslocadas internamente, muitas das quais se encontram amontoadas em campos nos arredores de Goma.

“Desde o início de 2024, o exército ruandês e o grupo armado M23 têm bombardeado indiscriminadamente os campos de deslocados internos e outras zonas densamente povoadas perto de Goma”, declarou o gabinete da HRW no Quénia em comunicado.

A ONG afirma ter documentado cinco ataques “flagrantemente ilegais” em que civis foram atingidos por fogo de artilharia ou foguetes.

Em particular, cita o exemplo de um ataque que fez oficialmente 35 mortos a 3 de maio no campo de Mugunga.

Os Estados Unidos tinham acusado “as forças armadas do Ruanda e o M23” de estarem por detrás do tiroteio, uma acusação descrita por Kigali como “ridícula” e “absurda”.

A HRW considera que o exército congolês e as milícias aliadas “expuseram as pessoas deslocadas nos campos a um risco acrescido ao colocarem a artilharia nas proximidades”.

A ONG também acusa o exército congolês e os seus aliados de ataques e abusos nesses mesmos campos.

“Soldados congoleses e uma coligação de milícias responsáveis por abusos conhecidos como +Wazalendo+ (Patriotas, em suaíli) abriram fogo dentro dos campos de deslocados, matando e ferindo civis”, afirma o texto, que insiste também na violação de mulheres dentro e fora dos campos.

Mais de uma em cada dez mulheres jovens diz ter sido violada nos campos de deslocados de Goma, segundo um inquérito publicado em agosto pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF), que manifestou a sua preocupação com os “níveis alarmantes de violência”.

“Ambos os lados mataram residentes dos campos, cometeram violações, obstruíram a entrega de ajuda humanitária e cometeram outros abusos”, resumiu a HRW.

Na quarta-feira, na Assembleia Geral da ONU, o Presidente congolês Félix Tshisekedi apelou a “sanções específicas” contra o Ruanda, citando “uma violação grave da soberania nacional congolesa”.

Enquanto Kinshasa, os Estados Unidos e a França acusam regularmente o Ruanda de apoiar o M23, o Conselho de Segurança da ONU limitou-se até agora a condenar o “apoio militar estrangeiro” dado ao M23.

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