A crise político-militar de moçambique apenas poderá ser solucionada por via de negociações, diz o investigador Justin Pearce, da Universidade de Cambridge.
Mas, destaca Pearce, o governo e a Renamo deverão ser mais transparentes. “Acho que tem havido uma falta de sinceridade de ambos lados (…) o processo de diálogo deverá ser sério”.
A VOA entrevistou Pearce após a apresentação de uma pesquisa sobre as relações sociais da Renamo no centro de Moçambique, no Instituto de Estudos Sociais, em Pretória, capital da África do Sul.
Sobre a pesquisa, Pearce disse que os guerrilheiros da Renamo mobilizam a população com uma narrativa sobre a democracia e promessas de resolver os desafios do dia-a-dia.
Exemplo disso é a melhoria de serviços sociais como educação e saúde, e a eliminação de “impostos”.
Pearce explica que “no Moçambique rural, quando se fala de impostos, realmente querem dizer suborno, e está claro que há um alto nível de corrupção na função pública, sobretudo na polícia”.
O conflito militar no centro do país impede a livre circulação e já tem impacto na economia, que tende a deteriorar após a descoberta de dívidas escondidas. Os maiores doadores, incluindo o Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial interromperam o apoio directo ao orçamento de Estado.
Nessas condições, observa Pearce, o governo poderá ceder às exigências da Renamo, que incluem a governação nas seis províncias onde teve mais votos que a Frelimo nas últimas eleições.
“Acho que será dessa forma que a Renamo vai aceitar uma solução pacífica,” diz Pearce.
A estratégia militar, vaticina Pearce, poderá “resultar numa guerra muito longa e sangrenta.”
Comissões do governo e da Renamo têm estado a discutir a realização de um encontro entre o Presidente Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama.