Fidel Castro teve um impacto “muito forte” em África mas o balanço das intervenções cubanas em África é “negativo”, disse o professor universitário e analista político angolano Jonuel Gonçalves.
O professor recordou as intervenções militares cubanas em Angola e Etiópia fazendo notar que os governos de então nesses dois países “acharam que essa intervenção foi importante e necessária porque conteve outras intervenções”, nomeadamente na caso de Angola a intervenção sul-africana e no caso da Etiópia da Somália.
“Mas é claro que os partidos e movimentos que estavam a favor dos direitos humanos e da democracia não concordam com esta análise e afirmam que as intervenções foram feitas no quadro da guerra fria para apoiar regimes que estavam favoráveis a um dos centros da guerra fria e transformar os países africanos em campo de batalha da guerra fria”, disse Jonuel Gonçalves.
O analista e professor universitário disse que Cuba “cobrava as suas intervenções”.
“Os países que eram beneficiários das intervenções cubanas pagavam a presença das tropas cubanas e isso na altura foi interpretado até como uma fonte de recursos para a economia cubana que tem sido sempre uma economia problemática", frisou.
Jonuel Gonçalves disse que do seu ponto de vista as intervenções cubanas em África foram “negativas na medida em que arrastaram África para a guerra fria”.
“África deveria ter ficado com os princípios do não alinhamento”, disse Jonuel Gonçalves.
"Eram lutas pelo poder no quadro de alianças dentro da guerra fria de maneira que provocou sacrifícios tão grandes para África que constituíram dos elementos de atraso político no continente”, disse
“Então digamos que o balanço é negativo”, acrescentou