Em Maputo, um desfile de viaturas de assalto e combate, meios aéreos e anfíbios e novo fardamento marcou, nesta quarta-feira, 25, as celebrações do dia das Forças Armadas, mas críticos dizem que o foco deveria ser uma real robustez para enfrentar o terrorismo em Cabo Delgado.
No desfile, ao estilo dos regimes socialistas, que marcou também os 60 anos do início da luta de libertação nacional, o presidente Filipe Nyusi, apartando-se do debate sobre a capacidade logística para enfrentar os inimigos, elogiou as forças.
"As Forças Armadas de Defesa de Moçambique têm estado a cumprir, rigorosamente, com a sua nobre missão de manter a paz e a defesa territorial do país e as outras responsabilidades de responsabilidade social", disse Nyusi.
A exibição da capacidade militar das Forças Armadas de Defesa de Moçambique surpreendeu a muitos, mas o jornalista e comentador Alexandre Chiure, considera ser um exercício que vem a camuflar, pelo menos, perante o público, o que considera de graves problemas que ensombram o sector.
Aptidão
"É verdade que houve um esforço no sentido de comprar aqueles equipamentos, mas também é verdade que é um exercício de marketing que acaba por camuflar o verdadeiro problema, que tem a ver com a logística nas Forças Armadas. No lugar daquela exibição, o Governo devia se preocupar em dar comida aos militares", comenta Chiure.
Com o terrorismo a ser apontado como o principal desafio do momento, longe do palco das cerimónias centrais das celebrações do dia, o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, aponta o que na sua opinião deve ser a maior aposta por forma a dotar o exército mocambicano, de capacidades adequadas para enfrentar quaisquer desafios.
"O terrorismo, consubstanciado na guerra em Cabo Delgado, a pilhagem dos recursos, o tráfico internacional de droga, pessoas e bens, e outras ameaças merecem uma melhor aptidão logística e militar das nossas Forças de Defesa e Segurança", diz o antigo governante.
Recorde-se que em Cabo Delgado, onde terroristas atacam comunidades desde 2017, protagonismo tem sido dado aos militares do Ruanda chamados a ajudar na luta.
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