O Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou na quinta-feira, 26, mais de 8 mil milhões de dólares em assistência militar à Ucrânia para ajudar Kiev a “ganhar esta guerra” contra os invasores russos, antes de uma reunião na Casa Branca com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
A ajuda inclui o primeiro carregamento de uma bomba planadora guiada com precisão, denominada Joint Standoff Weapon, com um alcance de até 81 milhas (130 km). O míssil de médio alcance dá à Ucrânia uma importante atualização das armas que está a utilizar para atacar as forças russas, permitindo que os ucranianos o façam a distâncias mais seguras.
A bomba, capaz de atingir alvos com grande precisão, deverá ser lançada de caças. O comunicado da Casa Branca não menciona a esperada autorização de Kiev para lançar mísseis de longo alcance fabricados nos Estados Unidos contra a Rússia, algo que Zelensky tem vindo a insistir fortemente. Um funcionário dos EUA adiantou que Biden não anunciará que Washington permitirá que a Ucrânia use mísseis dos EUA para atingir alvos mais profundos na Rússia.
O Presidente russo Vladimir Putin anunciou na quarta-feira uma proposta de alargamento das regras nucleares da Rússia em resposta ao pedido de Zelensky para usar mísseis de longo alcance. A União Europeia e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, consideraram o aviso de Putin “totalmente irresponsável”.
Apoiar a Ucrânia, que a Rússia invadiu em fevereiro de 2022, tem sido uma das principais prioridades dos EUA, disse Biden no comunicado.
“É por isso que, hoje, estou a anunciar um aumento na assistência de segurança para a Ucrânia e uma série de ações adicionais para ajudar a Ucrânia a vencer esta guerra”, disse Biden, que deixa o cargo em janeiro.
A maior parte da nova ajuda, 5,5 mil milhões de dólares, deverá ser atribuída antes do final do ano fiscal dos EUA, na segunda-feira, quando a autoridade de financiamento deverá expirar. Outros 2,4 mil milhões de dólares são atribuídos ao abrigo da Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia, que permite à administração comprar armas à Ucrânia a empresas em vez de as retirar dos stocks dos EUA.
Isso fornecerá à Ucrânia defesa aérea adicional, sistemas aéreos não tripulados e munições ar-terra, bem como fortalecerá a base industrial de defesa da Ucrânia e apoiará seus requisitos de manutenção e sustentação, disse Biden.
De acordo com seu plano, disse o presidente, o Departamento de Defesa vai reformar e fornecer à Ucrânia uma bateria adicional de defesa aérea Patriot e mais mísseis Patriot.
Biden ordenou ao Pentágono que alargasse a formação dos pilotos ucranianos de F-16, nomeadamente apoiando a formação de mais 18 pilotos no próximo ano.
Zelensky agradeceu a Biden e ao Congresso dos EUA pelo novo pacote de ajuda militar, dizendo que a Ucrânia o utilizaria “da maneira mais eficiente e transparente”. “Sou grato aos Estados Unidos por fornecer os itens mais importantes para proteger nosso povo”, disse Zelenskiy no X, mencionando a bateria Patriot, drones e mísseis de longo alcance.
Criticas dos Republicanos a Zelensky
Para combater a evasão das sanções russas e a lavagem de dinheiro, os EUA agirão para interromper o que Biden chamou de “uma rede global de criptomoedas, em coordenação com parceiros internacionais”.
Biden disse que vai convocar uma reunião de nível de liderança do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia na Alemanha no próximo mês para coordenar os esforços de mais de 50 países que apoiam a Ucrânia.
Antes de se encontrar com Biden ao meio-dia (1600 GMT), Zelenskiy participou em reuniões com legisladores democratas e republicanos - incluindo líderes dos comités de segurança nacional que supervisionam a assistência externa - no Capitólio.
A defesa da Ucrânia tem recebido grande apoio bipartidário nos EUA, mas não ficou claro quantos republicanos teriam tempo para se sentar com Zelenskiy em meio às crescentes críticas de líderes partidários ao seu governo, incluindo Donald Trump, o candidato presidencial republicano.
Trump tem criticado o presidente ucraniano enquanto faz campanha para as eleições de 5 de novembro e, pelo menos por enquanto, recusou um pedido de Zelenskiy para uma reunião.
O ex-presidente criticou duramente Zelenskiy na quarta-feira, dizendo num comício de campanha na Carolina do Norte: “Continuamos a dar bilhões de dólares a um homem que se recusou a fazer um acordo, Zelenskiy”. Trump também culpou Biden e a vice-presidente Kamala Harris, sua oponente presidencial democrata, por permitir a invasão da Rússia.
Muitos republicanos do Congresso ficaram furiosos com a visita de Zelenskiy no domingo a uma fábrica de munições em Scranton, Pensilvânia, onde Biden cresceu. O Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes, liderado pelos republicanos, abriu uma investigação sobre a viagem de Zelenskiy.
O Presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, um republicano que não deverá encontrar-se com Zelenskiy na quinta-feira, exigiu que este despedisse o seu embaixador em Washington por ter planeado a viagem a Scranton, embora tenha dito aos jornalistas que esta exigência não era uma ameaça de oposição à ajuda militar.
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